Ex-PM lança livro e ouve apelos para voltar. Foi o regresso da era Sócrates
O antigo presidente brasileiro Lula da Silva era o convidado-estrela da apresentação do livro de José Sócrates, ontem em Lisboa. Fez um discurso longo, muito aplaudido pela enchente socialista que compunha a sala e onde desafiou o "companheiro Sócrates": "Tem que voltar a politicar, é muito cedo para deixar a política".
"Você está em forma", atirou Lula, sentado entre Sócrates e Mário Soares, o outro apresentador do livro que também se juntou ao apelo ao ex-líder socialista: "Por favor não descanse." Sócrates interveio depois, mas não deu resposta directa. Voltou apenas a dizer o que já dissera nas várias entrevistas que concedeu nos últimos dias, a pretexto do lançamento do seu primeiro livro - que é "mais um homem de acção do que de pensamento".
As palavras iam fazendo vibrar a sala, não fosse aquela a plateia mais socrática dos últimos tempos. As salas do Museu da Electricidade encheram para lá do limite, uma em que estava a mesa principal, e outra onde a cerimónia podia ser acompanhada à distância.
As centenas de presenças socialistas e de muitos ex-ministros quase fizeram estranhar que a entrada de Sócrates não fosse acompanhada pela banda sonora do "Gladiador", a música que tocava sempre que o então líder do PS aparecia em cerimónias partidárias. Afinal, não faltava nenhuma figura da era Sócrates e nem mesmo fugiu à regra da altura a ausência de António José Seguro. Mas desta vez foi estranhada, tendo em conta que Seguro é o secretário-geral do PS. O verdadeiro motivo da sua ausência não ficou esclarecido, já que ao partido não terá chegado convite, o mesmo que a organização junto de Sócrates garante ter sido enviado.
A indicação inicial era que apenas estivessem convidados de José Sócrates, tendo sido invocados motivos de segurança. Foi a primeira vez que a editora fez um lançamento fechado ao público em geral e, apesar de não existirem barreiras no acesso, além do caos provocado pela enchente, não se notava a presença de muitos populares.
O ex-procurador-geral Pinto Monteiro e o ex-presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Noronha de Nascimento, marcavam a plateia extrapolítica, bem como Júlio Pereira, o secretário-geral do Sistema de Informações da República Portuguesa, em pé na última fila. Henrique Granadeiro e António Mota, da Mota Engil, também marcaram presença na plateia de Sócrates.
Mas os socialistas eram a massa dominante. Jorge Coelho, Manuel Alegre (que ouviu um agradecimento especial de Sócrates pela contribuição que deu para o livro, com os seus conhecimentos sobre a Argélia, país onde esteve exilado), Jaime Gama, Carlos César, Pedro Silva Pereira, Vera Jardim, Mário Lino, Isabel Alçada, Alberto Costa, Jorge Lacão.
E isto só nas primeiras filas. Nas seguintes continuava o rol de ex-ministros. Carlos Zorrinho era a única cara da actual direcção socialista que esteve no lançamento do livro, ele que chegou a ser o "homem do Plano Tecnológico", que ficou como bandeira da primeira candidatura de José Sócrates a primeiro-ministro, e chegou mesmo a ser secretário de Estado desse governo.
Presenças à parte, o que marcou mais a cerimónia foi mesmo a longa intervenção de Lula da Silva. O antigo presidente brasileiro falou das recentes manifestações - "era normal que a população quisesse mais" - no seu país, apontando-as como um alerta aos políticos. "Há gente que não gosta do povo na rua, são muito democratas, mas não gostam. Mas eu acho que eles nos estavam provocando a fazer um debate". As palavras de Lula foram mais duras para os governantes da direita e aproveitou a plateia socialista para atirar: "Não temos de nos furtar ao debate. Se a gente não tomar cuidado, quando a direita não conseguir chegar ao poder, ela induz a sociedade a não gostar da política". Da sala arrancou um aplauso sonoro quando apontou " a bandalheira e a especulação financeira que deixaram os bancos ganhar dinheiro": "Não vejo ninguém dizer 'vamos diminuir a margem de lucro dos banqueiros'."
Já Sócrates concentrou o seu discurso, no final da sessão, no tema da sua tese de mestrado, agora publicada, a tortura. Só no final lançou uma pontada política para dizer que "o papel do Estado é um dos debates que o país tem de ter". "Há por aí quem diga que o Estado está contra o indivíduo. É falso. Foi o Estado que libertou o indivíduo", disse. Quanto à tese, Sócrates é contra a tortura em todos os casos e traça como "linha vermelha" a dignidade humana.
"Você está em forma", atirou Lula, sentado entre Sócrates e Mário Soares, o outro apresentador do livro que também se juntou ao apelo ao ex-líder socialista: "Por favor não descanse." Sócrates interveio depois, mas não deu resposta directa. Voltou apenas a dizer o que já dissera nas várias entrevistas que concedeu nos últimos dias, a pretexto do lançamento do seu primeiro livro - que é "mais um homem de acção do que de pensamento".
As palavras iam fazendo vibrar a sala, não fosse aquela a plateia mais socrática dos últimos tempos. As salas do Museu da Electricidade encheram para lá do limite, uma em que estava a mesa principal, e outra onde a cerimónia podia ser acompanhada à distância.
As centenas de presenças socialistas e de muitos ex-ministros quase fizeram estranhar que a entrada de Sócrates não fosse acompanhada pela banda sonora do "Gladiador", a música que tocava sempre que o então líder do PS aparecia em cerimónias partidárias. Afinal, não faltava nenhuma figura da era Sócrates e nem mesmo fugiu à regra da altura a ausência de António José Seguro. Mas desta vez foi estranhada, tendo em conta que Seguro é o secretário-geral do PS. O verdadeiro motivo da sua ausência não ficou esclarecido, já que ao partido não terá chegado convite, o mesmo que a organização junto de Sócrates garante ter sido enviado.
A indicação inicial era que apenas estivessem convidados de José Sócrates, tendo sido invocados motivos de segurança. Foi a primeira vez que a editora fez um lançamento fechado ao público em geral e, apesar de não existirem barreiras no acesso, além do caos provocado pela enchente, não se notava a presença de muitos populares.
O ex-procurador-geral Pinto Monteiro e o ex-presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Noronha de Nascimento, marcavam a plateia extrapolítica, bem como Júlio Pereira, o secretário-geral do Sistema de Informações da República Portuguesa, em pé na última fila. Henrique Granadeiro e António Mota, da Mota Engil, também marcaram presença na plateia de Sócrates.
Mas os socialistas eram a massa dominante. Jorge Coelho, Manuel Alegre (que ouviu um agradecimento especial de Sócrates pela contribuição que deu para o livro, com os seus conhecimentos sobre a Argélia, país onde esteve exilado), Jaime Gama, Carlos César, Pedro Silva Pereira, Vera Jardim, Mário Lino, Isabel Alçada, Alberto Costa, Jorge Lacão.
E isto só nas primeiras filas. Nas seguintes continuava o rol de ex-ministros. Carlos Zorrinho era a única cara da actual direcção socialista que esteve no lançamento do livro, ele que chegou a ser o "homem do Plano Tecnológico", que ficou como bandeira da primeira candidatura de José Sócrates a primeiro-ministro, e chegou mesmo a ser secretário de Estado desse governo.
Presenças à parte, o que marcou mais a cerimónia foi mesmo a longa intervenção de Lula da Silva. O antigo presidente brasileiro falou das recentes manifestações - "era normal que a população quisesse mais" - no seu país, apontando-as como um alerta aos políticos. "Há gente que não gosta do povo na rua, são muito democratas, mas não gostam. Mas eu acho que eles nos estavam provocando a fazer um debate". As palavras de Lula foram mais duras para os governantes da direita e aproveitou a plateia socialista para atirar: "Não temos de nos furtar ao debate. Se a gente não tomar cuidado, quando a direita não conseguir chegar ao poder, ela induz a sociedade a não gostar da política". Da sala arrancou um aplauso sonoro quando apontou " a bandalheira e a especulação financeira que deixaram os bancos ganhar dinheiro": "Não vejo ninguém dizer 'vamos diminuir a margem de lucro dos banqueiros'."
Já Sócrates concentrou o seu discurso, no final da sessão, no tema da sua tese de mestrado, agora publicada, a tortura. Só no final lançou uma pontada política para dizer que "o papel do Estado é um dos debates que o país tem de ter". "Há por aí quem diga que o Estado está contra o indivíduo. É falso. Foi o Estado que libertou o indivíduo", disse. Quanto à tese, Sócrates é contra a tortura em todos os casos e traça como "linha vermelha" a dignidade humana.
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